
Após a assinatura do Fashion Pact, durante a reunião do G7, cresce a pressão para uma moda cada vez mais sustentável.
Nesta última quinta-feira, 12/9, de acordo com o The Guardian, uma das marcas mais valiosas do mundo, a Gucci, disse que se tornou uma empresa totalmente neutra em carbono.
A Gucci disse, ainda, que isso se estende da cadeia de suprimentos aos desfiles de moda e que compreende uma mistura de redução, eliminação e compensação de “emissões inevitáveis”.
De acordo com Marco Bizzarri, presidente e diretor executivo da Gucci, a marca está mirando na parte que causa mais dano, que é a cadeia de suprimentos, responsável por cerca de 90% das emissões de gases de efeito estufa.
REDD+1
A grife apoiará o REDD (Redução das Emissões por Desmatamento e Degradação Florestal), um conjunto de incentivos econômicos da ONU, mais precisamente da UNFCCC (Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima).
Essa parceria visa reduzir as emissões de gases de efeito estufa do desmatamento e da degradação florestal, em quatro projetos que apoiam a conservação florestal no Peru, Quênia, Indonésia e Camboja para compensar as “emissões inevitáveis”.
Bizzarri acredita que, com o tempo e com o avanço da tecnologia, haverá maneiras de reduzir as emissões sem a necessidade de compensação.
Uma alternativa apontada são os desfiles de moda online. “No futuro, podemos olhar nessa direção, mas no momento, para mim, o nível de tecnologia ainda não está lá, então o [show] é a melhor maneira de apresentar as ideias de uma casa de moda de luxo como a nossa … o nível em que fazemos esses shows é fundamental na conectividade de nossos diretores de criação e equipes de design, porque eles expressam a narrativa da coleção [para os clientes]”, declarou Bizzarri.
Scrap-Less
O Scrap-Less é uma outra iniciativa criada pela Gucci para economizar água, energia e uso químico na cadeia de suprimentos de couro, além da redução da emissão de gases estufa no transporte.
Essa metodologia reduziu o impacto quando comparado aos métodos tradicionais.
A Gucci mostra que, no ano de 2018, houve redução de resíduos de couro em 66 toneladas, redução no consumo de energia em 843.000 kW, redução no consumo de água e na quantidade que entra no fluxo de resíduos em 10 milhões de litros e redução no consumo de produtos químicos em 145 toneladas.
Com a implementação desse programa, aproximadamente a emissão de aproximadamente 3.400 toneladas de CO2 foi evitada.
Quanto ao uso do couro, Bizzarri disse que uma tecnologia que ajudará no futuro é o couro cultivado em laboratório, mas afirma que atualmente não é da qualidade ou estabilidade exigida pelos negócios.
Plataforma EP&L
A marca foi uma das primeiras a aderir à plataforma de EP&L (Environmental Profit & Loss), que permite que você navegue nos resultados da empresa. A ferramenta fornece todos os dados necessários para quantificar o impacto ambiental de suas atividades, filtrado por matéria-prima, país e processos.
A Gucci tem um plano de reduzir 50% das emissões de gases de efeito estufa até 2025. Em relatório anual de 2018, a empresa reduziu as emissões em 16%, além de ter implementado iniciativas de fabricação e fornecimento que evitaram cerca de 440.125 toneladas de emissões de carbono no mesmo ano.
Lembro que a Gucci foi uma das 32 empresas que assinou o Fashion Pact e que faz parte do grupo Kering, que comandou o grande acordo.
Esperamos que essas ações, mesmo que pequenas e cujos resultados não sejam imediatos, possam começar uma pequena revolução no mercado de luxo, no mundo da moda e na cabeça dos consumidores.
Bacharela em Direito e apaixonada por moda. Criadora do Passarelando. Escrevo sobre moda, história e arte, além de tendências, dicas, looks de Tapete Vermelho, inspirações para looks do dia e o melhor das Semanas de Moda Nacionais e Internacionais.